quinta-feira, 22 de novembro de 2012



A temporada de caça esta aberta “Caçador de Mitos” 
Parte 2 – Final
           
            São 22h30min, - Isso lá são horas para estar andando por essa trilha? – Se fez essa pergunta enquanto olhava para o relógio a passos ligeiros com destino traça sua casa no km sete, a sete quilômetros de distancia da casa do avô. Teve uma noite muito boa, uma noite de boa prosa, as do tipo que sempre tem com avô nos fins de semana.
Mesmo morando em Manaus e o avô morar no município de Iranduba, distancia nunca foi problema, ele gosta da “travessia” de balsa, de ver o rio Negro passar por baixo da construção de ferro que obedece às leis da física, a de que “dois corpos não ocupam o mesmo espaço”. Água, e ferro reconstruído em forma de balsa e essa construção, ou reconstrução, ocupando seu devido espaço por sobre o rio negro que “gentilmente” sede passagem todos os dias para as embarcações que estão levando e trazendo pessoas, bichos, mantimentos e o progresso. A ponte que irá ligar a cidade de Manaus aos municípios de Iranduba, Manacapuru e Nova Airão esta com seus pilares fincados no trajeto estudado pelos especialistas em construção, e esses dias de apreciação de viagem esta com os dias contados para terminarem. Enquanto ele pensa nesses fatos, um grito no meio da mata, um pedido de socorro em alto e bom som – O quê, eu pensei que estava em apuros andando por aqui nessa hora – Ele para a caminhada de volta para casa e começa a analisar a origem dos pedidos de socorro. - Dez vinte, trinta metros mato adentro, vem do lado esquerdo da trilha, sentido oposto da cidade de Iranduba, isso não é bom, é péssimo – Ele fica preocupada com a analise feita, e conclui que trata-se de uma cilada articuladas por um grupo de assaltantes de estrada. – Vou tomar o meu caminho de volta para casa, isso sim. Não sou policial militar e menos ainda civil, não tenho nada a ver com isso e se for alguém pedindo ajuda na mata, infelizmente dançou – Ele volta sua atenção para o caminho, e sem sentido algum, ele vê uma pessoa no meio da trilha, bem a sua frente, entre ele e trajeto de sua casa. Assustado com a aparição fantasmagórica, que é a definição para a aparição súbita daquele que aparenta ser um homem de 1,75m e aparentar estar com peso adequado à altura, pergunta o que vem a cabeça – Oi, esta tudo bem com você? – sem responder nada, movimenta a cabeça igual a um cachorro analisando com curiosidade, encostando as laterais da cabeça no ombro esquerda, e responde com uma voz grave apontando para ele com um “tacape” na mão esquerda – Sim, mas para você a viagem acaba aqui. Nervoso com comportamento pergunta –– Ei, ei, como assim, o que foi que fiz? – sem entender, sem aceitar o fato ele da alguns passos para trás e começa raciocinar todas as possibilidades de sair dali sem confusão. Correr não é a melhor opção, o adversário esta armado, e no momento da fuga aquela arma pode desferir um golpe falta. Enfrentar, mas antes dialogar – O que foi eu que fiz de errado? – sem resposta e a posição de apontar o “tacape” permanece. De imediato tudo faz sentido, o pedido de socorro era a armadilha. Tirar a atenção para ser surpreendido, fato que não aconteceu, pois a desconfiança com a armadilha foi rápida, só não eficiente para antecipar a armadilha com todo. – Armadilha, toda essa cena é uma armadilha, é isso? – pergunta para o adversário, que responde balançando a cabeça que sim – Só não tive tempo suficiente de acertar você. É desconfiado, é alerta de mais – responde demonstrando admiração com o poder de analise. E de relance, o adversário avança aplicando que instintivamente um golpe com a arma de posse. A reação do atacado foi a de contra atacar com um chute com a sola do pé esquerdo no antebraço do atacante, mantendo o centro de equilíbrio com o pé direito fornecendo base para não ser empurrado com a força desconhecida. O contra golpe da certo, frustra o ataque, mas desperta a raiva do agressor. - Não vou apanhar de graça; treino dois tipos de arte marcial e conhece boxe e luta indígena – realmente, cresceu vendo os tios, que são noive (9), treinando boxe e a luta indígena imposta pelo avô. As outras duas artes de luta aprendidas eram para controle de peso e controle pessoal. Novamente o adversário fica admirado, não acreditando no contra golpe, despertando raiva e interesse em derrubar a caça. – Você não é qual quer um. Que bom, vai valer apenar sujar as mãos com o seu sangue – declaração que deixa bem claro que vivo não sairá, mas quem sabe com a resistência do conhecimento marcial uma chance teria. A luta entre ambos desfere vários golpes e contra golpes. O tempo passa e a luta não chega a uma definição, e cansaço começa a abater vitimado – Caramba, já estou ficando sem força, quanto mais eu acerto ele mais ele revida, estou ficando sem força, e logo não terei com manter minha guarda de proteção, os contra ataques estão me consumindo ao extremo – e em um momento de fraqueza, o adversário desfere com golpe com arma na lateral esquerda, quebrando algumas costelas. O que cessa as forcas do atacado. Dá leves passas para trás, procurando ar escarrando a boca buscando ar até o limite que os pulmões e permitem. – Você é forte, suportou uma porretada minha. Quebrei algumas costelas, só isso – e gargalha alegre em ter acertado. Enquanto o oponente se gloria com o feito, ele deixa a gravidade o puxar para o solo. – Sim, essa é diferença entre um humano e um MITO – sim, o adversário falou com toda a força dos pulmões, “mito”. E voltando os seus olhos, mesmo do chão, ele começa a analisar o vitorioso adversário em meio à escuridão e encontra a fisionomia de um mito que seu avô o tinha descrito em uma das “estórias”. O curupira. No meio da comemoração, em um dos saltos, os pés voltados para trás são notados. Silencio, é que mais sábio ele pode fazer, e o faz. – Derrotado, vou ti dar uma chance, vamos ver se você tem gente conhecido por aqui ou esta apenas de passagem – rindo, fala bem perto da face do caído – Se você souber me agradar, deixo você sair daqui – Assistindo ele se afastar e rindo contente por ter derrubando-o com um golpe que o deixou sem poder de reaça, ele recordou uma das “historias” ou “estórias”.
            Após ouvir a voz conhecido do avô, ele acorda. O teto branco, como o de um hospital. Deitado em cama de hospital e respirando bem. De repente uma mão conhecida pousa sobre o peito dele – Avô, era o curupira – comentou sem titubear – Tem certeza? – pergunta o soldado da borracha – Sim, eu vi os pés voltados pra trás – responde alegre em saber que o receptor ira acreditar no que fala – É meu neto. Não tive um filho como caçador de mitos, mas tenho um neto. Quando sair daqui, tem muito que rever e aprender com seu velho avô – comenta levantando de cadeira que estava posta ao lado da cama do hospitalizado – Vô, como o senhor me achou – pergunta – Ele foi até a minha casa e falou que a temporada de caçada esta aberta e disse mais, que tinha um presente para mim no meio da mata, perto do riacho a uns quatro quilômetros da minha casa. Ganhei dois presentes; meu neto vivo e minha linhagem de caça confirmada nele.

Autor: AVP

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