A temporada de caça
esta aberta “Caçador de Mitos”
Parte 2 – Final
São
22h30min, - Isso lá são horas para estar andando por essa trilha? – Se fez essa
pergunta enquanto olhava para o relógio a passos ligeiros com destino traça sua
casa no km sete, a sete quilômetros de distancia da casa do avô. Teve uma noite
muito boa, uma noite de boa prosa, as do tipo que sempre tem com avô nos fins
de semana.
Mesmo morando em Manaus e o avô morar no município de Iranduba,
distancia nunca foi problema, ele gosta da “travessia” de balsa, de ver o rio
Negro passar por baixo da construção de ferro que obedece às leis da física, a
de que “dois corpos não ocupam o mesmo espaço”. Água, e ferro reconstruído em
forma de balsa e essa construção, ou reconstrução, ocupando seu devido espaço
por sobre o rio negro que “gentilmente” sede passagem todos os dias para as
embarcações que estão levando e trazendo pessoas, bichos, mantimentos e o
progresso. A ponte que irá ligar a cidade de Manaus aos municípios de Iranduba,
Manacapuru e Nova Airão esta com seus pilares fincados no trajeto estudado
pelos especialistas em construção, e esses dias de apreciação de viagem esta
com os dias contados para terminarem. Enquanto ele pensa nesses fatos, um grito
no meio da mata, um pedido de socorro em alto e bom som – O quê, eu pensei que
estava em apuros andando por aqui nessa hora – Ele para a caminhada de volta
para casa e começa a analisar a origem dos pedidos de socorro. - Dez vinte, trinta
metros mato adentro, vem do lado esquerdo da trilha, sentido oposto da cidade
de Iranduba, isso não é bom, é péssimo – Ele fica preocupada com a analise
feita, e conclui que trata-se de uma cilada articuladas por um grupo de
assaltantes de estrada. – Vou tomar o meu caminho de volta para casa, isso sim.
Não sou policial militar e menos ainda civil, não tenho nada a ver com isso e
se for alguém pedindo ajuda na mata, infelizmente dançou – Ele volta sua
atenção para o caminho, e sem sentido algum, ele vê uma pessoa no meio da
trilha, bem a sua frente, entre ele e trajeto de sua casa. Assustado com a
aparição fantasmagórica, que é a definição para a aparição súbita daquele que
aparenta ser um homem de 1,75m e aparentar estar com peso adequado à altura, pergunta
o que vem a cabeça – Oi, esta tudo bem com você? – sem responder nada,
movimenta a cabeça igual a um cachorro analisando com curiosidade, encostando
as laterais da cabeça no ombro esquerda, e responde com uma voz grave apontando
para ele com um “tacape” na mão esquerda – Sim, mas para você a viagem acaba
aqui. Nervoso com comportamento pergunta –– Ei, ei, como assim, o que foi que
fiz? – sem entender, sem aceitar o fato ele da alguns passos para trás e começa
raciocinar todas as possibilidades de sair dali sem confusão. Correr não é a
melhor opção, o adversário esta armado, e no momento da fuga aquela arma pode
desferir um golpe falta. Enfrentar, mas antes dialogar – O que foi eu que fiz
de errado? – sem resposta e a posição de apontar o “tacape” permanece. De
imediato tudo faz sentido, o pedido de socorro era a armadilha. Tirar a atenção
para ser surpreendido, fato que não aconteceu, pois a desconfiança com a
armadilha foi rápida, só não eficiente para antecipar a armadilha com todo. –
Armadilha, toda essa cena é uma armadilha, é isso? – pergunta para o
adversário, que responde balançando a cabeça que sim – Só não tive tempo
suficiente de acertar você. É desconfiado, é alerta de mais – responde
demonstrando admiração com o poder de analise. E de relance, o adversário
avança aplicando que instintivamente um golpe com a arma de posse. A reação do
atacado foi a de contra atacar com um chute com a sola do pé esquerdo no
antebraço do atacante, mantendo o centro de equilíbrio com o pé direito
fornecendo base para não ser empurrado com a força desconhecida. O contra golpe
da certo, frustra o ataque, mas desperta a raiva do agressor. - Não vou apanhar
de graça; treino dois tipos de arte marcial e conhece boxe e luta indígena –
realmente, cresceu vendo os tios, que são noive (9), treinando boxe e a luta
indígena imposta pelo avô. As outras duas artes de luta aprendidas eram para
controle de peso e controle pessoal. Novamente o adversário fica admirado, não
acreditando no contra golpe, despertando raiva e interesse em derrubar a caça.
– Você não é qual quer um. Que bom, vai valer apenar sujar as mãos com o seu
sangue – declaração que deixa bem claro que vivo não sairá, mas quem sabe com a
resistência do conhecimento marcial uma chance teria. A luta entre ambos desfere
vários golpes e contra golpes. O tempo passa e a luta não chega a uma
definição, e cansaço começa a abater vitimado – Caramba, já estou ficando sem
força, quanto mais eu acerto ele mais ele revida, estou ficando sem força, e
logo não terei com manter minha guarda de proteção, os contra ataques estão me
consumindo ao extremo – e em um momento de fraqueza, o adversário desfere com
golpe com arma na lateral esquerda, quebrando algumas costelas. O que cessa as
forcas do atacado. Dá leves passas para trás, procurando ar escarrando a boca
buscando ar até o limite que os pulmões e permitem. – Você é forte, suportou
uma porretada minha. Quebrei algumas costelas, só isso – e gargalha alegre em
ter acertado. Enquanto o oponente se gloria com o feito, ele deixa a gravidade
o puxar para o solo. – Sim, essa é diferença entre um humano e um MITO – sim, o
adversário falou com toda a força dos pulmões, “mito”. E voltando os seus
olhos, mesmo do chão, ele começa a analisar o vitorioso adversário em meio à
escuridão e encontra a fisionomia de um mito que seu avô o tinha descrito em
uma das “estórias”. O curupira. No meio da comemoração, em um dos saltos, os
pés voltados para trás são notados. Silencio, é que mais sábio ele pode fazer,
e o faz. – Derrotado, vou ti dar uma chance, vamos ver se você tem gente
conhecido por aqui ou esta apenas de passagem – rindo, fala bem perto da face
do caído – Se você souber me agradar, deixo você sair daqui – Assistindo ele se
afastar e rindo contente por ter derrubando-o com um golpe que o deixou sem
poder de reaça, ele recordou uma das “historias” ou “estórias”.
Após
ouvir a voz conhecido do avô, ele acorda. O teto branco, como o de um hospital.
Deitado em cama de hospital e respirando bem. De repente uma mão conhecida
pousa sobre o peito dele – Avô, era o curupira – comentou sem titubear – Tem
certeza? – pergunta o soldado da borracha – Sim, eu vi os pés voltados pra trás
– responde alegre em saber que o receptor ira acreditar no que fala – É meu
neto. Não tive um filho como caçador de mitos, mas tenho um neto. Quando sair
daqui, tem muito que rever e aprender com seu velho avô – comenta levantando de
cadeira que estava posta ao lado da cama do hospitalizado – Vô, como o senhor
me achou – pergunta – Ele foi até a minha casa e falou que a temporada de
caçada esta aberta e disse mais, que tinha um presente para mim no meio da
mata, perto do riacho a uns quatro quilômetros da minha casa. Ganhei dois
presentes; meu neto vivo e minha linhagem de caça confirmada nele.
Autor: AVP
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